segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Sobre aranhas e teias

Pedro me griou;__Pai vem ver, rápido! Como de costume ele quer mostrar tudo o que parece impressionante aos seus olhos. Quando cheguei pra conferir, realmente fiquei impressionado com o tamanho do da teia que ele me mostrava. Não só o tamanho mas a trama feita pela aranha.  A voz dele já ia distante enquanto imaginava a vida naquela trama ou a trama da vida feito uma teia de  aranha, que de longe nem se vê direito de tão fina e delicada. No entanto há uma forte resitência naquela fina linha assim como nossas relações que se sustentam por invisível fio tecido pelos dizeres, olhares, gestos, ações e presenças. A aranha parecia flutuar no espaço vazio quando  a avistei  pela preimeira vez, e mesmo em um olhar mais atento demorei a identificar as tramas mais complexas da teia. Apenas  a luz do sol me fez ver as sustentações daquela casa flutuante e seguindo o brilho do fio como se fosse guiado por um fio de Ariadne, cheguei ao centro e quase não acreditei pois um fio quase encostava no outro. Essa invisibilidade é aquela que nos ajuda a entender um pouco sobre o funcionamento de nossas vidas e tá ali pra quem quiser ou puder ver. Na verdade a teia como a vida está tão evidente que acaba se escondendo e agente vai se esquecendo de que existem os pequenos fios. A aranha os tece com paciência, um de cada vez do mais simples para o mais complexo. Muitos de nós nem sabemos que, também, tecemos uma teia; no trabalho, em casa, entre os vizinhos, na escola, na faculdade. Quando perdemos ou não tecemos bem cada um desses fios-sustentéculos nossa teia fica um pouco mais fraca. Porém observando a natureza percebemos que como a aranha podemos sempre refazer a teia porque assim como a chuva, o vento as mudanças de estações, algumas predadores estão entorno da teia sempre a ameaçar e a desfazê-la. Os contra-tempos, as coisas menos importantes, as promoções ,o prestígio também vão contribuíndo para enfraquecer  nossa teia.  Como é difícil mantermos nossa teia livre dos predadores. A esperança  é de que,no fim do dia, haja presa em algum lugar da teia a certeza de que nosso trabalho não foi em vão.  Que a  refazenda, a refeitura, de nossas teias,  constituída de pedidos de perdão, aceitação do outro, paciência e sobretudo fé , possa nos ensinar a ver essa enorme trama que nos cerca para que não continuemos a escrever um "ensaio sobre a cegueira".

terça-feira, 21 de setembro de 2010