sábado, 24 de abril de 2010

Outros mundos!



Passeando pela imaginação de Pedro encontramos um mundo vastíssimo que desde  seus 2 anos preenche nossa casa e que por vezes nos vemos envolvidos nele. Já perdemos as contas de quantas vezes  visisitamos "bolópia" e "muruíbas" cidades existentes em algum lugar da cebeça de meu filho. " Efelicialmente" Pedro vai contando e brincando. Necessita apenas de dois carrinhos e um inter-locutor  que na maioria das vezes sou eu.  Essas viagens acontecem com auxiílio de poucos objetos  somados aos gestos "descambalhados" com os quais nos entregamso as brincadeiras. Acho que bolópia fica no sul e muruíbas no norte, isso vai depender do estado de espírito, do tempo e é claro da imaginação. Eu sei que agente so chega lá de "domículos", sem isso é impossível fazer viagem, mesmo que seja imaginária. Dia desses me chega Pedro todo preocupado falando;__Pai, precisamos visitar o "Répti" lá em bolópia e depois temos que dar uma passadinha na casa  do "Palalita" lá em muruíbas! e eu perguntei:__mas Pedro esses seus amigos já não deixaram de vir aqui em casa? e Pedro: ___É pai, mas agente precisa visitar, né? Tudo bem, vou aprontar nosso "domículos" tranquilizei ele.Será que teremos alguma "coloseimas" para levar na viagem ?Não sei não pai, mas agente não pode esquecer de dar um beijo na mamãe porque ela é muito "apertosa".  Volta e meia Pedro vem com uma palavra inventada, as vezes ele traduz pra gente mas tem outras que não tem tradução como por exemplo: "gerassa" que insisti em saber o significado e perplexo fiquei diante da resposta:__gerassa é gerassa, né pai! Tudo é possível  para uma criança que, como Pedro, acredita que" o equilíbrio é uma bicicleta que anda no ar sabendo que as letras são importantes"  e que "mentira é pra boi correr".  E ai Pedro você entendeu o que eu disse? ___Hum..vamos ver...na minha imaginação não, mas no meu coração sim! 

Sumário: Este súmario só funciona se você se colocar no lugar da criança.

Efelicialmente- Alegremente, com alegria, com certeza. certamente.
bolópia e muruíbas- qualquer lugar do espaço-tempo que caiba na sua imaginação!
domículos- qualquer veículo que não sejam os que existem.( você tem que criar)
Palalita- um amigo imaginário que segundo Pedro faz com que ele faça muitas coisas erradas.
Répti- um amigo imaginário que segundo Pedro faz com que ele faça as coisas certas. 
coloseimas- depois que Pedro assistiu a fantástica fábrica de chcolate (versão original) usou essa palavra durante muito tempo.
descambalhados- desarrumado, sem compromisso, sem noção de tempo....

quinta-feira, 15 de abril de 2010

Resenha



     Vou dando passos de palavra em palavra para dar conta dos sonhos, um deles contado no último post. Mas nem só de sonhos vive o homem, ainda que sejam  eles , molas que nos impulsionan para a conquista de novos territórios ou a curiosidade por novos horizontes.  Nesse caso a de se alimentar os sonhos com leituras , é desta forma que desenvolvemos um mecanismo poderoso de fortalecimento de nosso repertório. Lembrando uma frase famosa que diz que "uma casa sem livros esta sem alma" faço desta minha epígrafe, pois a alma aqui de casa é vasta, amplissima, eu diria proporcionando os mais diversos sonhos e devaneios que pudermos imaginar. Nestas "leituranças" entre Artes, Filosofia, Antropilogia, Ficção , eu tenho algumas predileções e, não coincidentemente, fui convidado por Georgia para escrever uma resenha de algum livro que me interessasse, assim que recebi seu e-mail impunhei minha esferografica e parti para esse texto.  Havia acabado de indicar para uma colega, um livro que me impactara muito por seu teor teológico e pela sua inusitada forma de apresentação.  Me vi, então, impelido a compartilhar com os outros essa minha impressão. Na verdade uma oportunidade bem legal de divulgar uma obra, ao meu ver, importante e indispensável. Ela atende ao entretenimento de leigos e responde a algumas perguntas a respeito de assuntos da alma, sem agredir a fé de quem lê, ou seja, uma leitura sem contra indicações e de uma engenhosidade impressionante. Ai eu fiquei pensando; como é que eu vou convidar o povo para ler a resenha postada no blog da Georgia? Enquanto bolava um meio, olhava absorto o toró que caia aqui em Niterói e algumas pessoas que passavam desfrutando daquela tromba d'água, durante essa madrugada e tive a ideia; ao invés de falar do nome do livro e do autor vou indicar o endereço do blog e deixá-los matar a curiosidade com uma visita, tal qual uma experiência de banho de chuva...não dá para falar da sensação das gotas no rosto sem experimentar, sem se molhar.                    
     Assim os  convido a se molharem no blog http://www.elasestaolendo.blogspot.com/  e aí vocês ficam sabendo qual foi o livro  que eu indiquei para minha colega de trabalho!!!

sábado, 10 de abril de 2010

Luto



  Não me recordava como a vida é tão dura e como as pessoas estão mal tratadas, esquecidas , entregues a própria sorte. Muitas só tem o dia e anoite, isso está estampado no rosto de homens, mulheres e crianças que vivem nas imediações da Central do Brasil, um dos pontos mais conhecidos do Rio de Janeiro.  É dificíl passar por ali e não sentir-se incomodado, não pelo fato daquelas pessoas estarem ali, mas pelo fato de ter que ser daquele jeito. A forma como se organizam, a forma como a circunstância lhes ensinou a viver. Passando pela Central no meio daquela multidão que chegava, trazida  pelos vagões da supervia, experimentei o absurdo da realidade. Multidão apressada, em todas as direções , para pegar a condução para mais uma viagem entre tantas daquele dia. Eles todos eram embalados por uma trilha sonora contrastante. Toda sujeira, todos os orelhões quebrados, todas as filas de todos os ônibus (caindo aos pedaços) sucatas ambumlantes. tendo ao fundo o tema da novela das oito..bossa nova, suave, limpa harmonia que parecia a metafora do que todos ali almejam ou desejam. Metafora perversa só concebida na mente de quem caminhava na contra mão, no contra-fluxo. Enquanto eu caminhava para baixada, toda a baixada baixava no centro em direção à zona sul, aquela mesma do tema que servia como trilha sonora idealizante e porque não dizer , acompanhando Tinhorão, alienante!  Mais a frente um murmúrinho, uma aglomeração. O guarda acabara de evitar um assalto , pequeno furto que toda hora acontece..alguns param, outros passam olhando, esticando os ouvidos pra ver (ouvir) se pegam alguma coisa , sem perder o ônibus que vai sair. Eu na contra-mão, procurando um orelhão pra ligar, nos tantos que já havia passado. Todos quebrados.   Admitindo uma certa perplexidade  descubro,  ou constato, o caos ao qual o centro está entregue, assim como outras áreas de nossa cidade (Niterói , São Gonçalo..)A uns 20 anos atrás a coisa não estava assim tão feia.  Senti toda minha carioquice se esvair pelo ralo, quer dizer, estacionar no ralo entupido em virtude da última chuva que inundou tudo e encheu as ruas de lama. Nesse caso não foram só as ruas que ficaram sujas  de lama, um pouco do orgulho de ser carioca também vai ficando manchado e quase submerso neste lamaçal. O lamaçal  das chuvas, mas também o do trambique, da indiferença com o povo, do descuido com o outro, o  que acaba influênciando nas "gentes".
Ps. Este texto foi escrito na madrugada do dia 06.04.2010. Dia em que Rio e Niterói assitiram a maior tragédia,  por causas naturais, registrada desde a década de 70.