terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Lavra a palavra

  É engraçado o  fato de eu nunca ter apresentado muita intimidade com a palavra, a não ser nas infinitas cópias que eu fazia, quando criança, madrugada afora. Minha relação com o mundo sempre se deu por meios sensório-auditivos. Os gosto pela leitura veio por meio dos quadrinhos reunida, é claro, a alegria de completar minha coleção. Os clássicos vieram bem depois! Muito tarde constatei uma miopia e não escapei das lentes, mas sempre que alguèm diz aquele chavão "toda pessoa que usa óculos é intelectual" imediatamente respondo; "negativo..quem usa óculos é miope, tem hipermetropia ou astigmatismo", é uma questão de leve deficiência visual a ser corrigida pelas lentes.   Fato é que de uns temos pra cá desandei a escrever.. Constituí até um caderno onde coloco impressões. Nada que contenha uma riqueza literaria, mas percebo que ao escrever vou reeditando o que me aconteceu, relembrando coisas boas, botando em ordem e registrando fatos que se eu contasse você não acreditaria. Sem contar com a possibilidade da viagem em mundos criados na minha cabeça, com um grau de ficção tão altos que acabam se aproximando da realidade. Não tenho problemas com censura! Já pensou, ficar pensando no que escrever? Se ficar elaborando muito, corro o risco de dormir sobre a folha em branco. Os assuntos mais polêmicos deixo-os para os "polêmicólogos" de plantão. Tô aqui pra saborear as palavras, é isso! Descobri, enfim, que posso fazer isso, posso me deixar embalar por elas  sem constrangimentos. Acabo tratando a palavra como música deixando-me levar pelas suas sonoridades, polifonias, poliritmias e mesmo por suas pausas.   Ainda que minha prosa não seja poética, acredito que seja essa a possibilidade que me impulsione a escrever.  O mundo que se mostra na escrita, o traço que se lança no espaço, do tempo que se inrrompe no dizer. Neste espaço traço o tempo-mundo desse meu escreviver! Afeiçoo-me pela palavra viva, aquela que não é mais quando já diz, aquela que desliza e amplia o sentido do existir! Portanto, para melhor viver: lavra a palavra viva!     

9 comentários:

  1. A escrita é-me necessária desde sempre; iniciei um diário em criança, que mantive até aos 20 anos. Actualmente tenho na bolsa 3 blocos notas, para registar pensamentos, ideias, reflexões. Polémica? Por vezes sou, pois quem pensa por si, não segue modas, e rema contra a maré, inevitavelmente levanta polémicas. Mas vejo isso como algo positivo, Celso. É um mecanismo que pode levar à reflexão de ideias preconcebidas, e comportamentos, e talvez a uma mudança. A minha última polémica, a campanha anti-vacinação da gripe H1N1. Veio a comprovar-se que eu estava certa. Era desnecessária e a dita pandemia uma fraude! E porque entraram as pessoas em pânico, aceitando uma vacina não testada? Porque acreditaram nos Média, sem especular, sem investigar.

    Felizes encontros, com a palavra :)
    Abraço

    ResponderExcluir
  2. Celso mermão,
    aproveitando sua sugestão, deliciei-me com as palavras regustradas no teu bem elaborado texto. Principalmente a "polemicólogos".
    Foi ótimo te ler novamente
    Ah, já estou seguindo a Literata., Valeu a iundicação.
    Abraços

    ResponderExcluir
  3. Oi Celso.
    É possível que a tua intimidade crescente com as palavras tenha a ver com o avanço da idade; não é incomum que junto com o aparecimento das cãs surja também o desejo de registrar em palavras o já vivido e nossas impressões sobre o mundo.
    Seja como for, saboreie as palavras, mas com parcimônia. Algumas podem ser ácidas.

    Um abraço.

    ResponderExcluir
  4. Boas notícias! Quem curte assim as palavras costuma construir textos muito bons de ler. E pelo que tenho visto, você leva muito jeito sim. Agora vai fundo :)

    Abração.

    ResponderExcluir
  5. E elas são gostosas demais!! Mas... é preciso lavrar para que surjam e desapareçam e alimentem, e deem significado e despejem mel e ácido e acertem e desejem, e nos acalentem em nossa solidão e nos protejam da morte, e machuquem as máscaras perdoando nossas faltas...
    tarefas, árduas tarefas da palavra.
    Ave!

    ResponderExcluir
  6. Olá, Celso...

    Neologista que sou, adorei a "polemicólogo"....ótima!
    Mas, a verdade é que somos todos curtdores das palavras, articuladas ou escritas e de todos os meios para nos comunicarmos...
    Somos seres sociais e precisamos destes recursos.
    Neste seu caso o bom é que desta sua lavoura de palavras estão surgindo textos excelentes.
    Valeu, amigo!
    Muita paz! Beijossssssssssssss

    ResponderExcluir
  7. Eu estou contaminada pelas palavras também! Acho que é um novo gosto de vida, uma nova maneira de viver e de interpretar a vida!
    Sei lá!
    Ao mundo dos "palavrólogos" és muito bem vindo!
    Bjks

    ResponderExcluir
  8. Olá Celso Parabéns! Por sua intuição.

    O mundo se completa porque os seres humanos descobriram a palavra. Pois com elas temos a capacidade de formar frases que acalentam que ferem que convencem que nos alegra e muitas vezes elas nos levam ao delírio... E se pensarmos bem a vida é um eterno delírio. E sem eles esta tal vida não faria sentido. Vamos lá! Revirar as gavetas da nossa memória! Para resgatar os rabiscos, que nelas ficaram escondidos. Porque ao escrevermos lemos e relemos corrigimos os erros encontrados e de tanto ler e reler e reescrever estes rabiscos, acabam no fundo de gavetas e ficam à criar manchas e à amarelar as folhas do papel, no qual eles foram escritos… E ali ficaram, porque pensarmos que ninguém ía à estes dar valor.

    Um abraço

    ResponderExcluir
  9. Celso, já sou seguidor do seu blog e da Jacqueline. Aliás foi você que me introduziu ao admirável mudo dos blogs desde a época que você usava o Weblogger. Já estou com o meu no blogspot. Me segue lá!!
    http://www.brincadeiradavida.blogspot.com/

    Um abração!!

    ResponderExcluir