segunda-feira, 18 de julho de 2011

Mais devaneios

Curioso olhar para o passado e ver que tanto esforço foi gasto na rebeldia de tornar-se diferente, na tentativa de ter opinião própria na procura por uma identidade que afirmasse a personalidade e no entanto tornamo-nos, ao fim e ao cabo, uma arremedo melhorado de nossos pais.  As andanças pelos descaminhos da vida que trilhei sem nenhuma consequência foi justamente o alicerce para que hoje eu perceba  o mundo de forma crítica. Os descaminhos nos ensinam a suportar, a perseverar e até mesmo entender que o inexplicável pode suceder. Mesmo sabendo  disso tudo parece tarefa impossível, aparentemente, fazer com que essa experiência se converta em uma espécie de manual do qual, vez por outra, retiraría os ensinamentos necessários para resolver os embates do presente.   Amedrontador é a sensação de não ter solução para algum problema que surge, percebendo-nos por instantes , tal qual uma criança que precisa de orientação. Todo esse papo faz parte daquele processo doloroso, mas necessário, de olhar pra dentro para perceber que não sabemos tudo, apesar de muitos vezes acreditar nisso, de que não valemos pelo que possuímos, mesmo que todo mundo ou a grande maioria siga nesse caminho e que a precariedade da vida pode, perfeitamente , ser o meio através do qual nos reiventemos, libertando-nos daquelas amarras que nos prendem negativamente aos erros do passado, transformando e resignificando nossa história.  Aqui nos é colocada a opção de seguir acreditando na invenção de um novo dia ou nos acorrentar, na paralisia de uma experiência negativa.  O que ilustra muito bem a paralisia é a experiência da perda de algum objeto.  Dependendo da relação estabelecida com ele, ao  perdemos, perdemos simplismente,  as vezes por alguns instantes, outras por dias, outras ainda por anos o sentido das coisas até que , lentamente, nos damos conta de que não teremos de volta e seguimos em frente.  O que parecia impossível torna-se viável na medida em que abraçemos a opção pela invenção, pelo devaneio, pelo sonho de viver o invisível , pois só nEle está a possibilidade do sentido de nossas vidas. 

Ps.O selo que me foi oferecido pelo Chammas repasso aos amigos: Ricardo Zélia Rodrigo Anne Paula Euza

2 comentários:

  1. Cara, engraçado, estamos pensando em coisas similares... entender e reinventar essa nossa vida é coisa complicada de se fazer, né? mas sempre será possível!
    Sorte e saúde pra todos!

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  2. Creio que fala de maturidade, Celso; na juventude temos uma energia extraordinária, e temos mesmo que canalizá-la, para alguma coisa, sejam hobbies, sejam ideais, sejam actividades. No entanto, o desfasamento da realidade, cujo controle nos escapa invariavelmente, com essa projeção mental é inevitável. Saber tirar partido disso, é ter conhecimento, maturidade.
    Porque viver é sem dúvida um contracto com a nossa re-invenção.

    Gostei dessa reflexão. Ou devaneio.

    Um abraço, Celso.

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